domingo, 19 de outubro de 2008


A vida depois do quarenta.
Por Adriana Pinho Gomes

Sempre ouvi dizer que “a vida começa aos quarenta”, que na maturidade começa “a melhor idade”.
Realmente aos quarenta começa um monte de coisas, os sintomas do climatério, necessidade de óculos para perto, as dores pelo corpo, a falta de energia, a preguiça toma conta, a falta de tesão, o contorno do rosto perde a tonicidade, a bochecha cai, a pele perde o viço, a barriguinha cresce, mudamos nosso número de manequim um simples batom vermelho não mais ilumina nosso rosto, pelo contrário, passa a pesar, a mãos começam a engrossar, vão perdendo a delicadeza os cabelos mudam de textura, perdem a sedosidade, a memória começa a falhar, custa-se a fixar uma informação. A lista é grande. São muitas as mudança que começam aos quarenta.
E a melhor idade? Na maturidade é mesmo a melhor idade para se ter um infarto, um AVC, passar a sofrer de alzhaimer, a perder a noção das coisas.
A verdade é que não estamos preparados para envelhecer. Encompridou-se a vida, mas que vida?
Não queremos morrer, mas será que há como viver bem após uma certa idade dentro do esquema de vida que a nossa sociedade nos impõe? Se já é difícil aos 20, aos 30, imagina depois dos 40, dos 50.
Eu penso que na idade madura surgem grandes possibilidades, apesar da precariedade de funcionamento do nosso corpo físico.
E por isso, nosso ritmo e modo de vida têm que ser repensados. Não podemos viver da mesma forma de quando tínhamos 20/30 anos quando já temos 50 anos.
Reclama-se que não há mercado de trabalho para quem tem mais de 40. Mas não há mesmo. E quem disse que tem que ter necessariamente trabalho depois dos 40?
O trabalho, fora o fato de ser nosso meio de sobrevivência, é colocado como única forma importante de exercer nossas habilidades. Mas na verdade o que precisamos é de atividade, mental e física. O que é necessário para nos mantermos vivos é exercitar nossos sistemas vitais, a mente, o corpo e nossa afetividade, acionando nosso potencial criativo. E para fazer isso existem, ou pelo menos deveriam existir outras formas de estimular e manter nossa energia vital.
O trabalho não é único meio de se conseguir isso.
Tenho sentido que é necessário colocar vida na nossa vida após os 40, senão não vale a pena envelhecer. O desafio é descobrir onde está o estímulo para viver bem e com saúde após os 40.
O tão falado “segredo da eterna juventude” é manter o interesse pela vida em qualquer época, mesmo quando percebemos que o fim fica cada vez mais próximo.
Isso fora o fato de que já conquistamos quase tudo que é essencial para a sobrevivência, o que com certeza contribui com essa “preguiça de viver” depois de uma certa idade.
Acho que no fundo, o desinteresse pela vida, de um modo geral, surge nessa fase, em decorrência do nosso medo original da morte. Afinal, quanto mais velhos ficamos, mais eminente a morte fica. E o medo é paralisante.
Mas o “sentir-se velho”, só é tomado por esse sentimento quem desiste da vida em vida.
Viva a vida!!!!. Precisamos é reinventá-la depois dos quarenta.