quinta-feira, 30 de setembro de 2010





PELA EMANCIPAÇÃO DO FEMININO
Por Adriana Pinho Gomes

 Já havia falado sobre a importância dos sentimentos e como eles são negligenciados, ou melhor dizendo, como nos é ensinado a não levarmos nossos sentimentos e emoções muito em consideração.

Pois bem, em um mundo em que o materialismo impera e que a razão é priorizada, sobra muito pouco ou nenhum espaço para abordamos a nossa dimensão emocional. O que sentimos? Qual é nosso genuíno desejo? Queremos o que desejamos?

E aí está a grande razão do mundo “doente” em que vivemos. É necessário haver um resgate consciente desse universo de emoções que habita todos nós.

A história da humanidade tem sido escrita sob a perspectiva apenas do masculino. No entanto, os valores femininos são de imensa importância para a formação de homens e mulheres mais “humanos”. Somente o equilíbrio entre o feminino (yin) e o masculino  (yang) dentro de cada um (androgenia), homens e mulheres, garantirá a sanidade e a continuidade da humanidade.


É do feminino (yin) habilidades tais como saber lidar com as emoções, conservar a vida, enternecer, conciliar, administrar as diferenças entre as pessoas. Temos como principais valores e expressão do masculino (yang): orgulho, crenças, generalizações, ideais, auto-expressão, rebeldia, impulso para ação, auto-afirmação, desejo de reconhecimento, senso dramático, equilíbrio, imparcialidade, tato, diplomacia, liberdade individualista, extremismo, loquacidade, curiosidade mutável (superficialidade) e afabilidade. E como valores e expressão do feminino temos: autocontrole, cautela, reserva, ambição, possessividade, retentividade, firmeza, perfeccionismo, análise, discriminação, sutileza, sentimento, mudanças de humor, sensibilidade, autoproteção, desejos incontroláveis, profundidade, paixão controlada, secretividade, anseios da alma, idealismo, unidade, inspiração e vulnerabilidade.

As forças femininas são as geradoras de vida e as que mantêm a vida.

A hegemonia do masculino já demonstrou que não é suficiente para edificação de um mundo feliz, tampouco garante a sanidade do ser humano. O homem precisa reconhecer o divino na mulher.

É claro que os valores masculinos são importantes, tanto que sem eles a humanidade estaria até hoje na idade da pedra, haja vista que o progresso e as grandes transformações da civilização humana tiveram como estopim o idealismo masculino. Todavia, é necessário o equilíbrio com as forças femininas. Por isso a emancipação feminina neste século foi e será de suma importância para o florescimento do feminino no mundo daqui para frente. Homens e mulheres precisam  se conscientizarem da energia yin existente na natureza,  que todos possuímos, independente do gênero. Embora a expressão “lado feminino” tenha se banalizado, isso na prática é de extrema importância para o equilíbrio e integridade do ser humano.

A mulher, que acreditando ser emancipada repete todos os modelos masculinos de comportamento, não está exercendo sua autonomia, tampouco criando nada. Ela na verdade continua sob o domínio dos valores masculinos (yang). Existem conceitos e formas de comportamento, tipicamente masculinos, que se manifestam de forma negativa, através da competitividade com o outro, da prevalência da forma sobre o conteúdo e da exacerbação da sexualidade, haja vista o culto ao corpo e coisificação da mulher que é amplamente divulgada nos meios de comunicação hoje em dia. E o que é pior, é que isso acontece com o aval de milhões de mulheres. Ou seja, são as próprias mulheres que se submetem a isso, porque ainda não estão conscientes de sua autonomia como seres humanos. Por incrível que pareça uma grande parte das mulheres, ainda hoje, somente sabem se colocar no mundo como objeto de desejo do homem. Haja vista os programas de TV onde as mulheres só aparecem e fazem “sucesso” pelo tamanho da bunda, pelos seios siliconados, pela cara de sensual que faz na foto da revista ou pelo tanto que rebola em frente das cameras.  Acrescente-se a isso, o fato de que muitas ainda têm filhos como meio de vida, na intenção ilusória de prender  o homem ou, ainda,  para conseguir uma boa pensão (e conseguem). Puxa vida, e estamos no século XXI. A maioria das mulheres usa o corpo como meio de sedução o tempo todo. A sedução é uma forma de exercer poder, e por conseguinte é uma prática   agressiva. E esse não é definitivamente o melhor caminho que conduzirá a mulher à emancipação como ser humano.
Nos mulheres precisamos descobrir nosso lugar no mundo e que não é igual ao dos homens. Igualdade de direitos não é a mesma coisa que igualdade de energias, somos diferentes, e que bom que é assim.
Precisamos sim é defender a emancipação do feminino (energia yin) no mundo. Até mesmo para ajudarmos nossos homens a serem melhores para eles mesmos e para nós mulheres. 
Precisamos respeitar a nossa própria natureza e nos assumirmos como seres autônomos.
Vamos doar ao mundo nossa sábia doçura, e salvar a humanidade do pior. O pior é a violência, a agressividade, a competitividade, a subjugação, o delírio.
Vamos buscar o equilíbrio e a harmonia para o mundo.
E para isso temos um grande valor  que precisa ser reeditado,  que é a doçura,  virtude apaziguadora e que promove relações construtivas entre os seres humanos.