sábado, 9 de outubro de 2010

"Um dia chuvoso"
Em plena segunda-feira de carnaval, um dia chuvoso.
Para mim está ótimo está perfeito, em um dia chuvoso como este estar em casa me faz sentir aconchegada, abrigada e protegida. Minha casa se torna um verdadeiro paraíso. Minha cama quentinha e meu quarto escurinho, posso até dizer que me trazem "reminiscências do útero materno". É simplesmente delicioso poder ficar em casa lendo um livro, vendo um filme, tomando um cafezinho com broa de fubá, ouvindo música...  enquando a chuva cai ...

 Adoro curtir solitariamente o silêncio em certos momentos,   para mim é salutar e nada tem de pernicioso. Pelo contrário, faz é muito bem.
Quem disse que um dia chuvoso não tem beleza.
Adoro ver a chuva caindo lá fora, molhando a rua, as árvores, me delicio ouvindo o barulho. São lindos aqueles pinguinhos de água que ficam no vidro da janela como cristais brilhantes refletindo a luz.
A chuva como qualquer outra manifestação da natureza nos oferece sempre um espetáculo a ser contemplado, simples, sem qualquer custo e disponível para todos, sem qualquer discriminação.
Pena que a  maioria das pessoas, embriagadas com o excesso de artificialismo tecnológico oferecido pela nossa sociedade pós-modernidade,  sequer consegue perceber a beleza singela da natureza.

 Para isso precisamos desenvolver a capacidade de contemplar.
Contemplar é uma forma de reverenciar. E a natureza nos inspira a reverência pela vida.
Um dia chuvoso nos convida a parar, a nos aquietar, a entrarmos no ritmo natural do fluxo da vida, como uma frase melódica de uma composição musical, que tem pausas, sons, andamentos rápidos, lentos, ralentandos...
Enfim, descubra a beleza que existe em um dia de chuva e aproveite para cadenciar o curso de sua vida. (Adriana Pinho - Carnaval de 2008)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

A FUNÇÃO DA BELEZA
Por Adriana Pinho GomesDuas situações me fizeram pensar esta semana, uma foi hoje quando eu fui em uma loja e a moça me disse que só tinha número grande, acima de 44 e a loja não era para “gordinhas”, mas a vendedora disse que tá todo mundo ficando muito grande, alto e ai eles só compram peças maiores.
Primeiro me senti uma anã (tenho 1.60m), depois eu me senti uma espécie em extinção e por último, aproveitando a palavra “sociológica” do momento, uma “excluída”.
A outra situação foi a de que comentando com um conhecido que eu tinha pouco busto (peito) e aí ele disse: “áh mas hoje só tem pouco busto quem não tem dinheiro”, sugerindo uma plástica. Eu não estava reclamando de ter pouco peito, apenas estava descrevendo uma característica.
Mas parece que  todas as mulheres para serem consideradas bonitas têm que ser: altas, ter muito peito,  loiras, ter cabelo liso,  olhos claros, nariz pequeno, barriga sarada,  segundo um padrão de beleza inatingível, uma vez que apenas menos de 1% da população mundial possui esse biótipo e um corpo desenhado com simetria. E o pior e mais complicado é que a mulheres (principalmente jovens) ambicionam ficar parecida como a modelo da revista ou da TV. “E viva a anorexia!!!”.
As clínicas de cirurgia plásticas devem estar milionárias (segundo pesquisas recentes o Brasil é o segundo país onde mais se realizam cirurgias plásticas – o primeiro é o EUA). As pessoas estão ficando obcecadas pela perfeição da aparência física. E o pior disso tudo é que estamos entrando em uma massificação avassaladora de padrões estéticos. A diversidade não é mais reconhecida. Todo mundo tem que ser igual para ser reconhecido. !
Reconhecer nossa própria e única beleza é tarefa árdua no contexto cultural atual. A beleza vista na televisão, nas revistas e imposta pela cultura corrente (diga-se pela mídia - principalmente a televisiva) não tem qualquer semelhança com a maioria das mulheres comuns. Então somos inevitavelmente induzidas a nos acharmos “feinhas”.
Beleza física hoje é o nosso maior valor. - **0utro valor criado e cultuado pela sociedade brasileira atual é “se dar bem” (mesmo que seja roubando e/ou trapaceando ou, ainda, virando “celebridade” porque pousou nua na revista e/ou participou de um reality show **).
O fato é que, ser belo virou um valor. Nada contra a beleza.
Mas quando se trata do ser humano penso que o que deve prevalecer é a velha e conhecida "boa aparência". Essa sim é primordial, mas a boa aparência advinda se uma alimentação equilibrada, a boa aparência proporcionada pela saúde física e mental, a boa aparência como resultante de um estado interno de equilíbrio.
Essa sim deve ser buscada. Aliás, eu acho que a boa aparência surge como conseqüência natural de uma vida saudável e de um cuidado consigo mesmo. E sempre somos belos quando estamos bem. Mas sem obsessão pela perfeição.