quarta-feira, 18 de abril de 2012
Eu quero alguém que me faça descobrir em mim o que eu ainda não sei; eu quero alguém que não se intimide, que queira descobrir os limites que dão o contorno de uma grande paixão, de um grande amor; eu quero alguém que me leve por um caminho sem fim, que não se importe tanto com as chegadas, mas que esteja sempre pronto para a viagem; eu quero alguém que saiba do vazio do desejo e da falta do ser, da solidão do nascer e da inutilidade da procura incessante do ter; eu quero alguém que se aquiete com o pulsar de um coração tranquilo, que se enterneça com um olhar molhado, ora de alegria, ora de tristeza; eu quero alguém que reconheça a beleza da integridade do ser e que sinta o tremular das emoções contidas, mas que seja livre o bastante para libertá-las.
Amor não é se envolver com a
pessoa perfeita,
segunda-feira, 16 de abril de 2012
Sobre a espiritualidade
Por Adriana Pinho Gomes
Para falar a verdade eu nem me lembro mais exatamente o que
respondi.
Essa pergunta permaneceu em minha mente atiçando minha reflexão,
e me ocorreram algumas indagações: será que em um mundo tão materialista e
imediatista que valoriza resultados numéricos, concretos, práticos, palpáveis e
lucrativos de alguma maneira, um mundo em
que a forma impera sobre o conteúdo, em que todo o enfoque da vida é tomado de fora para dentro,
enfim... será que a espiritualidade tem lugar nesse ambiente? Considerando que
o significado e conceito de espiritualidade se contrapõem a tudo isso?
Bem, vou procurar definir
o que seja espiritualidade, conforme minha concepção.
Espírito por definição está em oposição à matéria, é incorpóreo,
imaterial, místico, energia e sobrenatural, mas como?
Afinal somos dotados de um corpo físico, como esse espírito
integraria esse corpo biológico? Compreendo que incorpora sim, por isso penso
que a espiritualidade se caracteriza
como outra dimensão do nosso ser. Mas que não está à parte do nosso corpo
físico. É através do nosso corpo físico que desenvolvemos a nossa
espiritualidade. Eu gosto de falar, inclusive, em senso de espiritualidade.
Este senso requer um movimento de interiorização em busca do autoconhecimento, que não é fácil.
Exige antes de tudo coragem, e muita disposição.
O processo de autoconhecimento não é tão simples como a
princípio parece.
É tarefa árdua e exige um constante estado de atenção e
observação interna. Mas o principal, que envolve tudo isso é que temos de ter humildade para fazer esse movimento,
temos que nos observar com um olhar despretensioso,
destituído de qualquer conceito pré-concebido.
Enfim, o autoconhecimento é primordial para desenvolvermos a
espiritualidade.
Somos um fragmento de um todo, por isso temos que partir do autoconhecimento. Do micro para o macro.
Somos um micro universo
submetido a leis implacáveis que regem todos os processos da Criação.
Mas o que quero dizer é que o senso de espiritualidade nos
estimula à busca dos valores eternos, das virtudes, do bem.
Aperfeiçoando-nos primeiro, estamos colaborando para a
edificação de um mundo melhor, mais saudável. Portanto, a espiritualidade é
essa busca, ela parte dessa investigação interna, desse aprimoramento do nosso
ser.
E este auto-investimento nada tem de egoísta, pelo contrário,
ele é necessário, exatamente porque
somos todos um, somos parte de um todo. E é muita ingenuidade pensarmos que a
miséria humana, não somente a miséria ligada à pobreza de recurso materiais,
essa também, mas eu me refiro à miséria da ignorância, da bestialidade, da
ausência de consciência a respeito das coisas e de si mesmo. Seria ingenuidade
pensarmos que tudo isso não poderia influenciar nossa vida de alguma forma.
Em alguma instância isso vem ao nosso encontro, seja pela simples
notícia ruim que temos de ver pela televisão ao marginal que invade nossa casa
ou nos assalta na esquina ou, ainda, em um ataque de pânico ou uma crise de
depressão (síndrome de pânico e depressão tão comuns hoje em dia).
Outro dia eu falava sobre a falta de tempo útil que temos para
fazer coisas que nos dão simples prazer. Pois é, isso a meu ver faz parte da
falta de consciência do ser humano a respeito de si mesmo, o que o leva a
estruturar sua vida de forma antinatural, contra sua própria natureza.
O desenfreado desenvolvimento tecnológico veio totalmente
desatrelado do auto desenvolvimento do ser humano como ser pensante e o desviou
do caminho do auto conhecimento.
Ficamos seduzidos como crianças ingênuas,
perdidas em um parque de diversões.
Não desenvolvemos nem 10% do nosso potencial como seres
pensantes e inteligentes para os propósitos de real significância em nossas
vidas.
Imiscuímos-nos em detalhes superficiais
que não nos leva a nada. Criamos celular que tira foto (já
existem câmeras fotográficas), carro com televisão, com computador de bordo
e tantas outras invenções tecnológicas
"top de linha" que eu nem
poderia numerar e, no entanto, sequer dispomos de segurança para curar uma
simples gripe na atualidade? Porque ainda se fabrica cigarros se é tão maléfico? Muito menos sabemos como funciona nosso psiquismo, nossa
mente.
Ainda por cima temos criado artefatos que estão sendo usados contra nós mesmos, que colaboram com a destruição do planeta.
Enfim, é evidente que há um desequilíbrio nessa busca insana somente por aquilo que se encontra fora
do ser humano, busca pelo material, pelo palpável, pelo corpóreo, enfim de tudo
aquilo que não é espírito, espiritual. Pensou-se que a "modernidade", com toda sua "ciência" e "técnica", solucionaria todos os problemas da humanidade. Mas é preciso mais.
Sem a preocupação da ordem do espiritual ficamos coxos,
aleijados como serem humanos, porque desconsideramos esta nossa dimensão, que
na verdade é tudo, é a síntese é a essência, a centelha divina que integra cada
indivíduo.
O desenvolvimento da nossa espiritualidade nos proporciona,
inclusive, uma maior consciência corporal, na medida em que ele pressupõe o auto conhecimento o que inclui obviamente
a consciência a respeito do nosso corpo. Saber ouvir o corpo, o que ele pede os
sinais que ele dá. A doença é na verdade uma linguagem corporal, ela quer dizer
alguma coisa. Não basta simplesmente dar um remédio para camuflar o sintoma. A
doença quer dizer a respeito de nós, da nossa humanidade, dos efeitos do nosso
estilo de vida sobre nosso corpo, sobre nosso psiquismo. Revela essa
incompatibilidade do físico com o espiritual.
O desenvolvimento da nossa espiritualidade seria profícua até mesmo para a ciência.
Portanto, se hoje eu fosse responder sobre o que eu entendo ser
a espiritualidade, eu diria que espiritualidade é a busca de si mesmo é a busca do elo perdido consigo
mesmo, seria a identificação com aquela centelha divida que identifica e habita
cada um. E nesse diapasão, é também a ânsia pela auto superação, pelo auto aprimoramento e pela
descoberta do que pouco sabemos a respeito da nossa essência. É a ânsia do
saber. É um certo desconfiar do que nos é dito, do que parece ser, é um certo
fascínio pelo oculto. E nesse sentido me parece muito adequado e expressivo
dizer que a espiritualidade é mística. Ela vai de encontro a tudo o que é
valorizado na nossa sociedade, no chamado mundo "moderno".
Assim, a espiritualidade aproxima-se do "sobrenatural"
mas em realidade é exatamente o
contrário. O desenvolvimento da
espiritualidade proporciona a identificação consigo mesmo, de onde surge o
conhecimento do que é realmente importante para cada um, a partir da própria subjetividade. Ela é a própria essência do ser
em seu estado natural. Mas em um mundo alienado e preocupado com questões
falsas e criam interesses
equivocados na humanidade, ela não tem mesmo espaço adequado.
Por isso as pessoas tidas como espiritualizadas são vistas como
excêntricas ou desequilibradas.
Pessoas realmente felizes, sorridentes, amigas, que manifestam a bondade e que estão em contacto consigo mesmas são vistas como
estranhas, tolas e esquisitas. Pessoas que não entram muito no "esquema
comum" são sempre mal vistas pela maioria. Penso que no mundo de hoje tem uma neura pela falsa alegria, e uma busca insana pelo prazer imediato, não se pode chorar, não se pode ter emoções,
é careta declarar a dor sentida (sentir dor é inevitável, seja moral/psiquíca ou física) é careta sentir e manifestar sentimentos, enfim, as
pessoas têm de estar sempre animadas e prontas para uma balada, para malhar,
para fazer muito sexo, beber, trabalhar "muuuuuuito" para poder
comprar "muuuuuuuito", consumir, enfim tudo é usado como uma droga entorpecente para não nos deixar entrar em contato com nossa realidade interna (com nossa
espiritualidade). E isso é considerado normal pela nossa cultura.
Mas o que é normal?
Normal é aquilo que está dentro da norma corrente e do senso
comum, mas será que é natural, que é saudável?
Enfim, a espiritualidade não tem lugar no mundo de hoje.
Este tema comporta infinitas colocações e considerações, devo
dizer que a segunda metade da vida da gente deveria ser reservada apenas para o
nosso aprimoramento como seres humanos. Já gastamos toda nossa juventude colaborando com o esquema vigente. A nossa
segunda parte da vida (a partir dos 40 ou 50 anos) deveria ser apenas para
nossa prática evolucionista. Cada um de nos deveria poder dedicar tempo e
energia nessa empreitada rumo à espiritualidade.
Sei que falando assim, parece estranho mas é porque ainda
trata-se de algo muito distante da nossa realidade, é utópico eu sei mas ainda
chegaremos lá, é questão de tempo.
A tomada de consciência é mesmo lenta e gradual, parte de cada
indivíduo e vai aos poucos ganhando relevância no todo. Os efeitos custam a
aparecer.
Enquanto não nos curvarmos diante do grande mistério que envolve a existência humana e aceitar que esta vida aqui está ligada a algo para muito além da dimensão física não evoluiremos, e pior, viveremos em eternos ciclos de destruição do que há de humano em cada um de nós e também das civilizações duramente construídas ao longo de milênios.
Mas enfim, a Lei de Evolução é imperativa não tem como fugir
dela. (APG)
E como já disse o poeta:
“O sol há de brilhar mais uma vez
A luz há de chegar aos corações
Do mal será queimada a semente
O amor será eterno novamente
É o juízo final
A história do bem e do mal
Quero ter olhos para ver
A maldade desaparecer" (Nelson Cavaquinho
- Élcio Soares)
terça-feira, 10 de abril de 2012
Tarde em Itamarandiba
Aquele sol de meio de tarde invandindo a cozinha me trouxe uma sensação de eternidade que há muito tempo eu não sentia.
Os momentos felizes sempre provocam em mim uma sensação de eternidade, eternamente lembrada ...
Era de novo a paz em meu corpo.
Sentimento íntegro de estar em harmonia consigo mesmo como parte do todo.
(Por Adriana Pinho Gomes - Itamarandiba em 04.04.2012)
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Filme
“O preço da traição”
(Adriana Pinho Gomes)
Achei
que a temática do filme foi apresentada de uma forma muito realista. O núcleo da trama é a crise de meia idade
de uma mulher bem casada, com uma vida conjugal estável e bem estruturada. Ela
médica e ele professor que lida diariamente com belas jovens. Incomodada
com a forma do marido reagir às presenças femininas, sempre flertando e
demonstrando fascínio pela beleza das mulheres que conhece, a esposa resolve colocar
à prova a fidelidade de seu marido. Contrata uma jovem prostituta muito bonita
para tentar seduzi-lo.
O
que mais me chamou a atenção foi o diálogo que o marido tem com a mulher quando
ela confessa a ele o drama que estava vivendo de se sentir insegura por não ser
mais jovem e bonita. Diz que se sentia invisível, já não sabia mais quem era.
Na
opinião dela (esposa) o marido, pelo contrário, ficava cada vez mais atraente e sedutor, e seu charme
parecia só aumentar na direta proporção do avanço de sua idade cronológica.
Ela
expõe com clareza a sua dor, por sinal muito boa a cena do diálogo dos dois. Ele então confessa
que sempre admirou com fascínio a beleza feminina, usando a expressão “sou
apaixonado pela beleza das mulheres”. Mas afirma que nunca tinha dormido com
outra mulher, apenas “flertava”. Diz que teve muitas tentações mas que resistiu
a todas. A esposa então grita “mas você teve vontade, desejo”, ele retruca:
“sou humano, e voce nunca teve?” ela diz que nunca teve vontade de ficar com
outro homem que senão ele. Este confronto é cruel, pois expõe a solidão que
aquela mulher sentia diante daquele homem, o qual amava.
Ele, por sua vez, se
sentia incompreendido.
Por Adriana Pinho Gomes
Desejo de poder
Por Adriana Pinho Gomes
As mulheres, de um modo geral, têm uma tendência de sempre privilegiar o bem estar do outro, seja marido, filhos, pai, mãe, patrão, etc, esquecendo-se de si mesmas. A capacidade de adaptação da mulher é admirável. Mas em certos casos pode se tornar maléfica, como por exemplo quando convivem com alguém violento. Muitas vezes, dedicamos 100% de nossas vidas em prol de outra pessoa achando que estamos fazendo o bem ajudando um outro ser humano e não percebemos que essa ajuda, pode ser sim, nada mais, do que uma fuga em exercer responsabilidade sobre nossas próprias vidas. É mais fácil cuidar e ajudar o outro do que nos ajudar. Entenda que a ajuda, a qual me refiro, não é uma ajuda saudável de troca, é ajuda dedicada, doentia, mórbida, castradora onde, um ajuda e o outro suga. É muito comum ver mulheres se desdobrarem insanamente para atender maridos (que se comportam como bebês dependentes), filhos adultos, patrões (que se comportam como carrascos) e familiares (aqueles conhecidos chantagistas emocionais), na esperança de se obter algum reconhecimento (doce ilusão...). Penso que o que leva a esse comportamento é o desejo de poder. Esse desejo nasce do medo da solidão, do medo de não ser aceita. O que arregimenta o desejo de poder é sempre o medo, obviamente, inconsciente. Em relacionamentos simbióticos de co-depedencia em que se estabelece a dinâmica do dominador/dominado ou vítima/salvador, uma das pessoas envolvidas de uma forma “torta” e desvirtuada, sempre se sente “poderosa”. (APG)
As mulheres, de um modo geral, têm uma tendência de sempre privilegiar o bem estar do outro, seja marido, filhos, pai, mãe, patrão, etc, esquecendo-se de si mesmas. A capacidade de adaptação da mulher é admirável. Mas em certos casos pode se tornar maléfica, como por exemplo quando convivem com alguém violento. Muitas vezes, dedicamos 100% de nossas vidas em prol de outra pessoa achando que estamos fazendo o bem ajudando um outro ser humano e não percebemos que essa ajuda, pode ser sim, nada mais, do que uma fuga em exercer responsabilidade sobre nossas próprias vidas. É mais fácil cuidar e ajudar o outro do que nos ajudar. Entenda que a ajuda, a qual me refiro, não é uma ajuda saudável de troca, é ajuda dedicada, doentia, mórbida, castradora onde, um ajuda e o outro suga. É muito comum ver mulheres se desdobrarem insanamente para atender maridos (que se comportam como bebês dependentes), filhos adultos, patrões (que se comportam como carrascos) e familiares (aqueles conhecidos chantagistas emocionais), na esperança de se obter algum reconhecimento (doce ilusão...). Penso que o que leva a esse comportamento é o desejo de poder. Esse desejo nasce do medo da solidão, do medo de não ser aceita. O que arregimenta o desejo de poder é sempre o medo, obviamente, inconsciente. Em relacionamentos simbióticos de co-depedencia em que se estabelece a dinâmica do dominador/dominado ou vítima/salvador, uma das pessoas envolvidas de uma forma “torta” e desvirtuada, sempre se sente “poderosa”. (APG)
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