Por Adriana Pinho Gomes
Eu
quero alguém que me faça descobrir em mim o que eu ainda não sei;
eu quero alguém que não se intimide, que queira descobrir os limites que dão o
contorno de uma grande paixão, de um grande amor;
eu quero alguém que me leve por um caminho sem fim, que não se importe tanto
com as chegadas, mas que esteja sempre pronto para a viagem;
eu quero alguém que saiba do vazio do desejo e da falta do ser, da solidão do
nascer e da inutilidade da procura incessante do ter;
eu quero alguém que se aquiete com o pulsar de um coração tranquilo, que se
enterneça com um olhar molhado, ora de alegria, ora de tristeza; eu quero
alguém que reconheça a beleza da integridade do ser e que sinta o tremular das
emoções contidas, mas que seja livre o bastante para libertá-las.
Eu quero alguém que sinta, sinta, sinta e que seja, ás vezes, incapaz de nomear
o que sente e que me diga isso através de um beijo, de um abraço, de um toque
ou de uma lágrima.
Eu quero alguém que não tenha medo da profundidade da piscina, que saiba nadar,
mergulhar e vir à tona.
Eu quero alguém que anseie pelo o oásis no meio do deserto, mas que saiba que o
único caminho pra chegar lá é atravessando a aridez das areias, e/ou , que
saiba que o oásis só existe por causa do deserto.
Eu quero alguém que pense sentindo e que sinta pensando. Loucura, ... não, eu
quero alguém que traduza a integridade do humano no ser.
Eu quero a revelação de um sentimento através de um olhar, eu quero sentir
todas as nuances das emoções cálidas de um amor apaixonado, eu quero sentir a
fragilidade de um suspiro libertado em um abraço ansioso de saudade.
Eu quero alguém que saiba se deliciar com a grandeza da beleza das pequenas
coisas. Que seja capaz de se deslumbrar com o um pôr do sol, uma lua cheia
refletida no mar, um cheiro gostoso de terra molhada.
Eu quero alguém que saiba que são os limites que dão dimensão à verdadeira
liberdade.
Eu quero alguém que me ensine a amar de verdade, que me ensine a verdadeira
reciprocidade em uma relação, que me ensine a compartilhar verdadeiramente.
Eu quero ser eu mesma
(com o eterno sentimento de falta) e que tenha um fim essa minha angustiante e
frustrante procura de ser alguém especial.
Eu quero a paz de espírito para aceitar em mim e no outro o
lado sombrio da existência humana e poder o quanto mais iluminá-lo, até
transfigurá-lo.
Eu quero descobrir o equilíbrio entre a seriedade (para qual tudo faz sentido),
e a frivolidade (para qual nada faz sentido), eu quero a eterna leveza dos bem
humorados. Eu quero alguém que seja capaz de rir de si mesmo e brincar. Quero algúem que não
leve a vida tão a sério.
Como já disse o poeta:
Amor não é se envolver com a
pessoa perfeita,
aquela dos nossos sonhos.
Não existem príncipes nem princesas.
Encare a outra pessoa de forma sincera e real, exaltando suas qualidades, mas
sabendo também de seus defeitos.
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que
podemos ser. (Mário
Quintana)
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